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quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

O sector do ano

por estatuadesal

(Sandro Mendonça, in Expresso Diário, 07/12/2017)

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Em 2016 a banca dominou a atenção mediática, e a CGD foi mesmo o tema económico do ano (segundo se apurou num estudo da ISCTE Business School para este jornal, Expresso). Claro, que este padrão vinha de trás com uma tendência que disparou com o BPN+BPP, para depois chegar a grau máximo de intensidade com o caso BES. Mas em cima desta tendência tivemos ainda um super-ciclo desde finais de 2015 até inícios de 2017: a sequência Banif (que negócio para o comprador!), CGD (que transição de liderança!), Montepio (que convulsão na governança!).

No entanto, 2017 parece ter tido outra marca sectorial: a esfera das (tele)comunicações. E isto tanto a nível internacional como nacional.

A ERA DOS “TEC-GIGANTES” GLOBAIS

A grande influência das empresas no século 20 eram as grandes empresas da fase “fordista”, isto é, a lógica dos colossos do petróleo e dos automóveis. Sabemos da força deste negócio dos combustíveis fósseis e como levou a guerras, mudanças de regime e à recomposições geo-políticas de várias regiões do planeta.

E sabemos como indústrias como a automóvel definiram os modos de vida das massas (veja-se o caso dos EUA) … sabemos até que o perfil das políticas económicas tem sido determinado em grande parte por este sector (casos da Alemanha e da França). Vejamos ainda como uma empresa deste sector pode envergonhar um país (VW e a Alemanha) ou ser o orgulho de outro (Autoeuropa e Portugal).

Este complexo industrial-político foi uma veia central do século 20, tal como os interesses metal-carvão conduziram as dinâmicas de vanguarda do capitalismo no século 19.

Mas … e quando avançamos para uma era “pós-fordista”?! Isto é, e o século 21?

O paradigma transforma-se. É um tecido de “zeros e uns”. Uma “economia-matrix”. Fala-se de um mega-cenário algorítimico e automatizado. Antes (ao chegarmos ao ano 2000) era a “Nova Economia”, agora é a “Novíssima Nova Economia”.

Há algo de revolucionário aqui. E não é necessariamente tudo bom para a sociedade, para a democracia ou para a economia. Há já uma preocupação crescente sobre o poder de mercado, o controlo dos dados, o domínio de ferramentas intermédias (para outras empresas e também organizações públicas), a posse da privacidade alheia (dos cidadãos e consumidores individuais). São oligopólios-em-rede: os da Google, Facebook, Amazon … mas também os antigos Apple e Microsoft … mas também os novíssimos Netflix e Spotify. Estes são poderes altamente centralizadores, com origem em economias de escala do lado da oferta e geradores de efeitos de rede no lado da procura.

Só um país escapou a este vortex: e porque teve decisões de política pública para construir alternativas (que são hoje até maiores, em alguns casos): a China, … com a Alibaba, Baidu, Huawei, Tencent, etc.

UM ANO DE TURBULÊNCIA NO SECTOR DAS TELECOMUNICAÇÕES-CONTEÚDOS EM PORTUGAL

Não faltaram casos este ano, mesmo nos segmentos mais clássicos e tradicionais. Vejamos o caso dos CTT. Por um lado, foi uma empresa que se detectou estar a operar abaixo dos níveis de serviço requeridos no seu “core-business”. Por outro lado, estranha-se que uma empresa gerida por financeiros (como se fosse uma empresa em processo acelerado de financeirização) tenha tido um percurso tão volátil em bolsa (não sou eu que o digo: o Jornal de Negócios, num trabalho de análise, dá até nota dos sinais de insustentabilidade da política de dividendos num balanço dos 4 anos da estreia em bolsa).

Mas também no segmento dos serviços de telecomunicações o principal incumbente tem sido fonte de alguns “choques” de mercado, com agitação nas relações laborais, incerteza na liderança estratégica, posicionamento agressivo nas aquisições, e uma volatilidade bolsista assinalável.

A REGULAÇÃO, NA TAL “NOVA ERA”

Esta é uma área crítica. São infraestruturas (condicionantes de base) complexas (sofisticadas) mistas (duras e suaves).

Tanto dentro como fora de Portugal, a regulação nestas áreas deve ser mais exigente, rigorosa, realista e inovadora. Porque a sociedade é assim hoje em dia. Porque a economia assim necessita. Porque a democracia e soberanias não lhe são alheias.

uma vítima corajosa

por rui a.

Numa intervenção que fez no Web Summit deste ano, Sara Sampaio denunciou corajosamente a podridão do star system nacional, onde ela mesma foi obrigada a fazer coisas que a repugnavam, mas que eram condição para continuar no negócio. Ontem mesmo foi divulgado este vídeo que ilustra bem as palavras da nossa corajosa Sara, coitadinha, obrigada a fazer uma demonstração de artes marciais sem que a deixassem vestir uma roupinha interior ou umas meias de lycra. O resultado, coitada!, ficou à vista. Bem à vista, efectivamente.

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A célebre expedição das cabeleireiras pafinhas ao Everest que, como é sabido, levou Mário Centeno a presidente do Eurogrupo

por estatuadesal

Quando, há un meses, Schäuble elogiou Mário Centeno fartei-me aqui de rir. Escrevi então O elogio, pela boca de Schäuble, de que Centeno é o Cristiano Ronaldo do Eurofin é a pimenta que faltava no cu de Passos Coelho.

Contudo, no dia seguinte, ao ler a opinião de gente sábia -- desde embaixadores a comentadores com pedigree, passando pela fina flor dos PàFs -- fiquei a achar-me uma eterna ingénua encartada.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Erguei as mãos para as alturas

por estatuadesal

(Francisco Louçã, in Público, 05/12/2017)

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Abra-se o champanhe: Mário Centeno é o novo presidente do Eurogrupo. Surpreendente? Sim, há meses houve quem suspeitasse, eu também, que era estratagema de propaganda. Não, era o início de um movimento vitorioso e Dijsselbloem (socialista, pois é) tinha de ser substituído por outro ministro da mesma família. Pois temos Centeno, champanhe.

Para o ministro, grande promoção. Para o governo português, sucesso total. Para o PSD e CDS, mais uma humilhação, vénia ao vencedor, acabou a conversa sobre os números orçamentais falsificados. Até Durão Barroso renasceu das profundezas do Goldman Sachs, qual Dona Constança para se juntar à festança. Para a esquerda, mais pressão. Mas, para a União Europeia, tudo igual.

Em todo o caso, vamos ter congratulações efusivas, evocações de Afonso de Albuquerque a espadeirar os indígenas. Sugiro, se me é permitido, alguma contenção e mais realismo. Primeiro, porque os festejantes se devem lembrar de quantos deles, e dos mais ilustres, anunciavam há parcos meses o “esboroamento a olhos vistos” e as “crises sufocantes” da União, ou até a “morte de um projecto”. Os mais afoitos marcavam datas, “o tempo para salvar a Europa acaba este ano, porventura o mais tardar no Outono” (faltam duas semanas), ou, já vai para dois anos, que “nos próximos dias” chega o “verdadeiro colapso moral por parte da Europa”, “abjurando todo o património de que tem sido portadora no campo dos direitos humanos”, ao passo que o mais eufórico anunciava, esse vai para dois anos e meio, que a crise do euro “começou a acabar”. Esta obsessão por marcar prazo da abjuração ou, vice versa, da redenção, diz muito do que por aí vai.

Há no entanto uma razão menos paroquial para alguma prudência. É que ninguém sabe o que vai ser o Eurogrupo, o euro, ou até a União Europeia. E bem se pode dizer que ela o merece. Veja o seguinte exemplo, convocado da solenidade dos grandes momentos, em que a Comissão Europeia resume o melhor dos cenários que propõe, o de “fazer muito mais todos juntos”, com este caso maravilhoso: “Os europeus que pretendam ter uma palavra a dizer sobre um projecto de implantação de turbinas eólicas na sua região, financiadas pela UE, terão dificuldade em identificar a autoridade responsável uma vez que lhes será dito para contactarem as autoridades europeias competentes”.

Ou seja, o risonho futuro da União será quando os cidadãos andarem em papos de aranha até para “identificar” com quem falar a propósito da turbina imposta no seu quintal. Devemos então estranhar que as democracias se sintam ameaçadas? Quem assim se apresenta perdeu a noção de que deve convencer ou até conversar com as pessoas, oferece-lhes somente o mistério da autoridade. É por estas e outras que a União se tornou um projecto falhado.

O que poderá então fazer o nosso Centeno, o último dos crentes no aprimoramento do euro? Um Orçamento para transferências entre os Estados (mas o orçamento está a diminuir)? Uma política que responda a cada recessão promovendo emprego em vez de austeridade (mas os tratados não mudaram)? Uma Merkel gentil, um Macron discreto? Sim, pode erguer as mãos para as alturas e esperar. Pois parece que a única reforma que está em cima da mesa é o título da função, ministro das finanças europeu. Para Centeno é confortável, para a Europa é pouco.

Da fomentação

por Telmo Azevedo Fernandes

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O ainda recente processo de candidatura à relocalização da Agência Europeia do Medicamento teve o funesto efeito de me recordar que uma das instituições com sede no Porto é a aventesma do Banco de Fomento, poeticamente apelidado de “Instituição Financeira de Desenvolvimento” (IFD).

Eis algumas interrogações:

  • Os técnicos da IFD são melhores adivinhos que todos os seus colegas da banca privada para identificar empresas e projectos com probabilidade de sucesso a longo-prazo?
  • Que “falhas de mercado” são corrigidas por um núcleo de planeamento central de supostos sábios?
  • Sendo uma instituição pública, não será particularmente susceptível a que os “campeões nacionais” sejam selecionados com base em agendas políticas?
  • As garantias estatais que permitirão ao Banco de Fomento ter acesso a custos de capital mais baixos não criam factor de concorrência com a banca privada?
  • Embora tendo actividade grossista, sendo os fundos disponíveis na prática subsidiados, a alocação de recursos à margem do mercado não provocará ainda maiores distorções competitivas?
  • Os contribuintes não ficam expostos a mais um risco de crédito?
  • Das 1.162.069 PME e das 1.013 grandes empresas nacionais, quantas usufruirão da IFD e por que razão as restantes não retirarão dela benefício?
  • Por que motivo caberá aos decisores de um organismo público alterar a composição da carteira de créditos dando prioridade a determinados sectores de actividade e não a outros?
  • Não estaremos a mascarar a condução de uma política industrial do Estado à margem do Orçamento?
  • Dado o papel do Banco Europeu de Investimento nestes mecanismos de financiamento, não estaremos a prejudicar o princípio da subsidiariedade, entregando a tecnocratas a tomada das grandes decisões estratégicas?
  • A introdução de uma nova entidade grossista que canaliza por via da banca privada fundos subsidiados por garantias públicas não aumentará a carga burocrática e tornará mais opacas as decisões e escolhas?

O Irrevogável e a Geringonça

por João Mendes

Imagem via Geringonça

A 21 de Junho de 2011, Paulo Portas assumia oficialmente as funções de Ministro dos Negócios Estrangeiros do governo liderado por Pedro Passos Coelho, fechadas que estavam as negociações entre os dois partidos, que resultaram na atribuição de três ministérios aos centristas: para além do já referido Ministério dos Negócios Estrangeiros, Assunção Cristas assumia a tutela da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do território, e Pedro Mota Soares ficava com a pasta da Solidariedade e Segurança Social.

Tudo corria de feição, com privatizações a rodos, aumentos gorduchinhos de impostos, listas VIP e vistos dourados para qualquer mafioso que quisesse "investir" no país. Havia tachos para todos os boys e ia-se alegremente além do exigido pela Troika, que aquilo era uma data de bons alunos, com excepção do Relvas e do Passos, o primeiro pelos motivos que todos sabemos, o segundo porque andava muito ocupado a colar cartazes na década de 80 e só lhe deu para estudar no final da década seguinte. Prioridades. Ler mais deste artigo

Boa sorte, Mário!!!

Posted: 05 Dec 2017 06:20 AM PST

Se os sociais-democratas [os que ainda sobrevivem na Europa] querem mesmo reformar a zona euro, então têm de resolver um problema que os economistas (que não têm conflito de interesses) consideram insolúvel dentro de uma zona com moeda única: o agravamento dos desequilíbrios comerciais, e o consequente endividamento dos países menos desenvolvidos para com os mais desenvolvidos, seus credores, desde a entrada na zona euro. Toda a periferia da zona euro se desindustrializou a partir daí, e mesmo a França saiu prejudicada. A Alemanha acumulou excedentes (e portanto créditos) enquanto as periferias foram acumulando défices (e portanto dívida aos excedentários).

Sabendo nós, pela história económica e também por dolorosa experiência (os gregos ainda mais, porque quiseram fazer deles um caso exemplar para meter medo aos outros), que a redução dos salários não é uma solução estrutural, aliás não é solução para nada e só debilita o país, fico à espera da solução reformista dos sociais-democratas para este problema.
Entretanto, há uma coisa que os economistas (sem conflito de interesses) sabem: sem política cambial, sem política industrial, sem política comercial externa e sem política orçamental com moeda soberana, até hoje nenhum país se desenvolveu.
Acho melhor esperarmos sentados por essa reforma da zona euro. Boa sorte, Mário.

A sério???!!!

por Sérgio Barreto Costa

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Um destes dias, depois de rever o filme Os Homens do Presidente, fiquei algum tempo a reflectir sobre a importância do jornalismo. Não foi uma reflexão muito profunda, teve início durante os créditos finais e terminou três ou quatro minutos depois, quando a minha mulher, já cansada da cara de lorpa com que fico sempre que estou a pensar, me trouxe de volta à sala de estar. Felizmente, tal como em outros aspectos da vida, o que conta é a qualidade e não o tamanho da meditação.

Relembremos a história: Richard Nixon é eleito para um segundo mandato na Casa Branca com uma vitória absolutamente esmagadora e, dois anos depois, perante a total estupefacção dos americanos, é obrigado a resignar ao cargo por causa do escândalo Watergate. Bob Woodward e Carl Bernstein, jornalistas do Washington Post, ficam para a história como os corajosos profissionais que desenvencilham a tramóia e resgatam os eleitores do mundo de inocência em que viviam.

Em Portugal, no passado fim-de-semana, passámos por uma experiência semelhante. Todo um povo, até essa altura mergulhado numa doce ilusão, ficou de boca aberta e em estado de choque quando olhou para a capa do Jornal Sol. Pelos vistos, e contrariamente ao que julgávamos, os órgãos da administração da pátria estão repletos de boys dos partidos políticos; e alguns deles são tão bem remunerados que podemos considerar terem sido presenteados não com aquilo que vulgarmente se designa como um “tacho”, mas com um trem de cozinha completo. Como se isto já não fosse surpresa suficiente, ficamos também a saber que este esquema de distribuição de chicha tenrinha foi inventado por António Costa para exercer com mais facilidade o poder; e que todos os partidos, por serem bem-educados e saberem que não se fala enquanto se mastiga, se mantiveram calados.

Algumas pessoas, para se distraírem, dedicam-se a construir castelos de cartas com os amigos. O nosso primeiro-ministro, por não ser distraído, prefere construir pontes de notas com a oposição.

AS EMPRESAS FORAM MESMO ESQUECIDAS NO ORÇAMENTO?

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 06/12/2017)

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Durante anos as empresas beneficiaram de uma transferência de rendimentos retirados aos trabalhadores das mais diversas formas, Sem qualquer contrapartida e beneficiando de um ambiente de ditadura gerido por Passos Coelho, as empresas viram descer o IRC compensado pelo aumento do IRS, beneficiaram de muitos dias de trabalho em férias e feriados retirados aos trabalhadores sem que tenha sido feita qualquer compensação.

Nesse tempo o Orçamento era um instrumento do Estado, ninguém via nele uma forma de adar mais a uns do que a outros. Só que as empresas habituaram-se de tal forma a esta generosidade que deram como adquirido que os orçamentos do Estado servem para dar às empresas e ou aos trabalhadores. Agora acham que porque há uma descida do IRS que foi brutalmente aumentado também têm direito a beneficiar da generosidade, sabendo-se que a generosidade feita através dos impostos sobre as empresas só pode ser financiada pelos rendimentos do trabalho.

Isto é, quando as empresas querem que o orçamento também pense nelas estão dizendo que sofrem da síndroma da abstinência e querem que o Estado continue a financiá-las com os impostos sobre os rendimentos do trabalho. Quando Passos Coelho era primeiro-ministro ninguém ouviu o camarada Saraiva queixar-se, agora é sempre a mesma ladainha, que o OE ignorou as empresas. Os senhores afinal já não são liberais como dizem, na hora das benesses estatais defendem uma maior intervenção do Estado, só que tem de ser um intervencionismo mais à moda de Passos Coelho.

Só que o problema do camarada Saraiva não é apenas a sua militância na prática do pecado da gula, o pobre senhor da CIP também revela vistas curtas. Se não fosse isso perceberia que são as empresas que também beneficiam do aumento dos rendimentos dos mais pobres e, em particular, dos que em Portugal trabalham a troco de um salário mínimo que não garante que uma família fique acima do limiar da pobreza.

O camarada Saraiva é mesmo um cegueta, está convencido de que as empresas ganham mais em recessão e em ambiente de crise, graças á generosidade de um qualquer Passos Coelho, do que com crescimento económico, com um sistema financeiro mais estável, com as agências de notação a tornar a dívida soberana mais barata e em paz social. O camarada Saraiva não evoluiu nada ao longo de uma vida, quem quadrado nasce tarde ou nunca se arredonda.

Ou será que o camarada Saraiva sabe mesmo fazer as contas, a forma como enriqueceu parece apontar nesse sentido, e quer ganhar a dobrar? O senhor Saraiva quer ganhar com a estabilidade social, com o reequilíbrio do sistema financeiro e com o aumento do consumo. Mas não quer dar nada, não quer sacrifícios, porque na opinião deste camarada muito original sacrifício é coisa para os trabalhadores, digamos que como já estão habituados não se estragam duas casas de família. Cá por mim que a escola do camarada Saraiva em vez do PCP foi alguma sacristia e gosta particularmente daquela parte do Pai Nosso que reza "venha a mim o vosso reino".

E se fosse consigo?

por vitorcunha

Este programa da SIC, mais uma concessão do regulador à pornografia em canal aberto, representa o mais repugnante dos defeitos das pessoas (ou, para o doutor Costa, a virtude): a sobranceria moral. Ponderando a eterna questão sobre se a arte imita a vida ou a vida imita a arte, admito que nunca assisti a canastrões numa paragem de autocarro a solicitarem que uma mulher artificialmente passiva levantasse a saia, mas, a partir da transmissão do programa, não me admirarei se passar a ver.

A lição que se pode tirar do programa é que há bestas em todo o lado: quer nas paragens de autocarro, quer nas produções das televisões. Até ter visto isto, sei que daria, com medo de me aleijar, duas chapadas aos palermas da paragem de autocarro; agora, além das chapadas, aproveitaria, quando a Conceição Lino me viesse perguntar porque dei as chapadas, para a questionar do motivo pelo qual a SIC não tem apresentadoras feias.