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domingo, 5 de novembro de 2017

Marcelo está com legionela?

Estátua de Sal

por estatuadesal

(In Blog Um Jeito Manso, 05/11/2017)

marcelo_caricatura2

19 casos de legionela levam Marcelo ao hospital São Francisco Xavier... li eu.

Até me assustei. Pensei: bolas, coitado, apanhou legionela, é um dos 19...

Mas, afinal, lendo a notícia, vi que não. É uma doença que ele tem mas não é legionela, é a doença de ter que estar em todas, a também chamada síndrome do emplastro. Ou seja, foi lá só para saber o que se passa. A minha alma ficou parva. Um dia destes, e deixa-me virar a minha boca para lá, mas, dizia eu, um dia destes dá-me uma dor de barriga, vou ao hospital a ver se me travam e ainda dou de caras com o Prof. Marcelo, ido lá, de propósito, para me dar um beijinho e uma palavrinha de conforto que isto, quando uma pessoa está com soltura, faz muita falta uma palavrinha de conforto.....

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quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Marcelo imitador de Cavaco

Estátua de Sal

por estatuadesal
(Por Valupi, in Blog Aspirina B, 31/10/2017)
Marcelo imita Cavaco
Marcelo, nos sermões dominicais e ao longo de anos, foi repetindo com exuberante gozo que Sócrates nada podia contra Cavaco porque um primeiro-ministro está condenado a perder quando ataca o Presidente da República. E assim foi, tendo Cavaco sido reeleito apesar de ter lançado, explorado e defendido uma golpada mediática a partir da Casa Civil para tentar influenciar as eleições legislativas de 2009. Não há registo de que Marcelo tenha criticado Cavaco nesse episódio, nem aí nem nas restantes ocasiões em que desse vergonhoso Presidente da República veio um concertado esforço para fragilizar o Governo e o PS, favorecendo às escâncaras o PSD de Ferreira Leite, primeiro, e o de Passos, por fim, num processo que afundou Portugal no resgate em 2011 e em 4 anos de uma violenta e eleitoralmente ilegítima tentativa de reengenharia social a coberto da Troika. A visão de Marcelo sobre Cavaco foi tecnicamente maquiavélica, vendo na sua acção aquilo que devia ser feito precisamente porque a sua posição na hierarquia do Estado lhe dava impunidade para tal. A Constituição, a moral republicana e o respeito institucional? Balelas para agitar em frente ao Zé Povinho, ensinava Marcelo com o seu riso sardónico. O príncipe que tente ser bonzinho, e jogue ao poder respeitando as regras a que os ingénuos dão valor, será cuspido pela janela do palácio enquanto o Diabo esfrega a pestana.
O que Cavaco fez a Sócrates foi não só muito diferente como de outra ordem por comparação com o que Soares fez a Cavaco. Soares Presidente fez oposição a Cavaco primeiro-ministro também às claras, só que mantendo a dignidade do cargo, sendo decente na luta política e não tendo violado a Constituição. Por aí, a arquitectura do regime funcionou perfeitamente num sistema que permite ao Chefe de Estado reequilibrar a representatividade política calhando o Chefe de Governo estar a ultrapassar certos limites sociológicos. A “Presidência Aberta” de Soares consistiu na utilização do seu capital divulgador para introduzir no espaço público e na arena política uma realidade social que estava escondida pela maioria parlamentar e pelo Executivo laranja. Nesse sentido, foi um confronto leal e de acordo com o interesse da comunidade. Já Cavaco Presidente optou pela via conspiracionista e golpista para liderar a oposição a Sócrates. A estratégia do “Falar verdade ao portugueses” e da “Política de Verdade”, um tandem entre Belém e o PSD de Ferreira Leite, alimentava-se e promovia as campanhas negras que tentavam assassinar o carácter de Sócrates e de qualquer outro dos seus próximos, fossem políticos ou familiares. Falhando esse plano, e apesar do golpismo judicial-mediático do processo “Face Oculta” e da “Inventona de Belém”, Cavaco ofereceu o poder a Passos logo depois de garantida a sua reeleição. Fê-lo escavacando o interesse nacional que o PEC IV salvaguardava e partindo para um mandato onde foi cúmplice activo dos abusos constitucionais e da fúria castigadora de Passos e Portas. Cavaco é recordista dos índices mais baixos de popularidade para um Presidente da República em democracia. Abandonou as funções consumido pelo rancor e mergulhado numa hipocrisia sem fundo conhecido.
Marcelo teve no seu primeiro ano e meio de mandato a supina oportunidade para se demarcar do legado do seu antecessor. Se bem o pensou, melhor o fez. O seu longo treino na televisão, onde ascendeu rapidamente ao estatuto de super-estrela pelos seus dotes comunicacionais e relevância do seu pensamento, aliado à sua personalidade extrovertida e calorosa, foram um contraste chocante face à imagem de ressabiamento e fixação anal espalhada por Cavaco. Para além das diferenças de estilo, as diferenças de sentido de Estado e visão política foram igual ou ainda mais chocantes, revelando-se intransigente na defesa do interesse nacional ao lado do Governo; para crescente desespero da actual direita decadente que apenas pretendia ter um líder sectário na Presidência. Choques positivos, construtivos, fontes de confiança nas instituições e de reconciliação com a classe política – e parte inerente do sucesso registado até agora na economia nacional e na mudança de paradigma no trato dos portugueses e dos serviços públicos que os servem. Símbolo trivial desta nova cultura política nascida da mudança de actores no topo do Estado, há 10 meses Marcelo elegeu o termo “descrispação” como palavra do ano. E daqui saltamos para o seu número de 17 de Outubro.
Hoje sabemos que Marcelo traiu o Governo e foi oportunista, cínico e manipulador como nunca antes tínhamos visto na política nacional dada a sofisticação e eficácia da sua performance tendo duas devastadoras tragédias a comporem o cenário. Transformou sem a menor hesitação os mortos em arma de arremesso político, exactamente como se fez no PSD, CDS e comunicação social desde Pedrógão.
Todos os que o aplaudiram, vendo nas suas palavras o exercício da função presidencial elevada ao mais brilhante sentido de missão unificadora, têm agora de questionar o seu próprio discernimento. Porque aquele ataque ao Governo, ao primeiro-ministro e à pessoa de Constança Urbano de Sousa não tiveram qualquer outra finalidade que não fosse a de encenar uma liturgia onde ele podia fazer as pazes com a direita e agregar a comoção nacional no culto da sua pessoa. Aquele ataque não era necessário para nada de útil que tivesse relação com os fogos e sua devastação, foi um ataque escolhido para maximizar as circunstâncias de fragilidade – ou tipologia – comunicacional de Costa. Situação agravada pela crispação que Marcelo se encarregou de alimentar pessoalmente ao começar a responder às notícias da demorada reacção do Governo e do PS, e dando carta branca para que a sua Casa Civil igualmente lançasse mais gasolina no fogaréu da crispação com declarações provocatórias e soberbas. E isto leva-nos de volta a Cavaco.
Marcelo continua convencido de que poderá desequilibrar o regime a sua favor, tanto pela configuração do mesmo como pela sua habilidade popular, mas igualmente poderá estar desatento em relação ao seguinte fenómeno: com Cavaco, a figura de Presidente da República ficou conspurcada e perdeu o prestígio que tivera antes do Aníbal ter ido para Belém perverter o combate político. A profundidade desta perda de autoridade, a qual não carecia de actores e seus espectáculos para existir (Eanes e Sampaio foram a antítese da política-espectáculo, e Soares era um animal político sem carência de artifícios), poderá reservar a Marcelo uma das maiores surpresas da sua vida política caso Costa e o PS tenham a coragem, e a inteligência, de levarem a luta política contra a direita para o mais inesperado dos terrenos. Esse mesmo onde Marcelo se imagina num castelo inexpugnável com o povo em festa à espera do beijinho, do abracinho e da palavrinha.



terça-feira, 31 de outubro de 2017

MARCELO DESEJA SANTANA?



Estátua de Sal

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 31/10/2017)

Santanetes

É óbvio que Marcelo deixou que a comunicação social soubesse do almoço que teve com Santana Lopes e o tornasse público e isso só pode ser interpretado como uma mensagem subliminar do Presidente da República aos militantes do seu partido de que o seu escolhido para suceder a Passos Coelho é o até qui Provedor da SCML. Mas isso significa que Marcelo Rebelo de Sousa deseja ou espera ver Santana Lopes como “seu” primeiro-ministro?

Santana é tudo o que Marcelo não é ou mesmo o que Marcelo nunca teria desejado ser, para não dizer que Santana é o oposto daquilo que aprecia. Santana tem sido um apoiante mais ou menos militante de Passos Coelho, só não o tendo apoiado na candidatura autárquica a Lisboa porque se queria resguardar para uma eventual candidatura à liderança do PSD após as autárquicas. Santana foi o vice-presidente do PSD nos tempos de Durão Barroso que, por sua vez, rasteirou Marcelo para o substituir na liderança do PSD. Santana foi uma peça chave na ascensão de Durão Barroso, chegando mesmo a reunir o mundo da bola num jantar de apoio a Durão.

Como se tudo isto não fosse suficiente para Marcelo desejar ver Santana pelas Costas, o Presidente da República não deverá estar esquecido de como o governo itinerante de Santana tem algumas semelhanças com a sua presidência, ainda que com menos selfies, porque na época ainda não existiam.

Imaginemos um país com um Presidente sem agenda, para andar a dar beijinhos, e o primeiro-ministro a fazer o mesmo para dar mais beijinhos do que o Presidente. Aliás, Santana nem sequer esconde a colagem à estratégia dos afetos de Marcelo. O país seria um manicómio, com a vida política transformada em concursos de beijinhos, com a nota técnica a premiar que desse mais beijocas e a nota artística a avaliar a convicção dos beijoqueiros.

É óbvio que Marcelo não se quer queimar com Santana Lopes como primeiro-ministro; depois de o apoiar ter que o despedir, como o fez Jorge Sampaio, era demasiado perigoso para a sua própria Presidência. É bem mais provável que, percebendo que o PSD terá muitas dificuldades em chegar ao governo, Marcelo aproveite para se livrar não só de Santana Lopes, mas também de Rui Rio, pondo fim a uma geração de líderes e candidatos a líderes que representaram para o PSD o mesmo que a praga da filoxera representou para a vinha.

Depois das malandrices que Marcelo fez a António Costa e do apoio que deu a Santana Lopes ninguém o poderá acusar de não ter apoiado o seu partido. Aliás, os que durante meses protestaram, contra o apoio de Marcelo à Gerigonça são agora os que mais festejam as posições do Presidente da República. Marcelo vai chegar à noite das eleições legislativas como um dos vencedores, isto se nessa noite Santana se demitir da liderança do PSD e Rui Rio anunciar que não volta a ser candidato a líder. Marcelo terá condições para ser ele a renovar o PSD sem Santana, Rui Rio e outros sexagenários a empatar.





segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Ai Marcelo




por estatuadesal

(Por Penélope, in Blog Aspirina B, 30/10/2017)

ACentrevista

"Entrevista a Costa vista em Belém como mais uma oportunidade perdida"

(Por muito que negue, Marcelo continua a atacar o Governo. Agora "soprou" para o Público (ver aqui ), o seu desagrado com a entrevista de António Costa à TVI. Quer dizer, como o Presidente-Comentador está afastado do seu púlpito dominical,  manda dizer para os comentadores dos jornais, que o Presidente-Presidente, não gostou do que viu. Eis Marcelo investido num clandestino papel de chefe da oposição. Não é bonito, e os portugueses não gostam. O país merecia melhor oposição e a oposição merecia ter uma liderança às claras e sem ser clandestina. Por muitos beijos que dê e abraços que distribua, aposto que a popularidade de Marcelo vai começar a cair. E ainda bem.

Estátua de Sal, 30/10/2017)

Não me espantaria se o jornal Público se dedicasse por estes dias a acirrar os ânimos entre Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa. Havendo um fundamento sério no mal-estar entre os dois, noticiado pelo jornal há uns dias (e as razões estão muito longe de ser todas favoráveis a Marcelo), é também evidente que ao jornal e aos interesses que representa convém explorar este desentendimento – porque aumenta as vendas e “morde” nos socialistas por razões bem conhecidas – e dar com isso uma mãozinha a uma direita que entrou em desespero pela não chegada do diabo nem vislumbre do mesmo. Com a situação económica do país a melhorar a olhos vistos e a Geringonça a não dar sinais de quebrar no essencial, os incêndios e Marcelo oferecem subitamente uma boa tábua de salvação a quem se vê a afundar e sem maneira de chegar ao poder. O David Dinis pode estar numa de ajudar. É que estas notícias, por muito verdadeiras e objectivas que sejam, associadas a uma tragédia nacional, transformam-se, na restante comunicação social, esmagadoramente controlada pela direita, numa guerra do Bem contra o Mal, num contraponto entre “os afectos” de Marcelo e “a frieza” de Costa. Num populismo sem pudor.

É fácil omitir que a função de um não é a função do outro. Que o que se espera de um não é o que se espera do outro. Que as responsabilidades de um não são as do outro. Que Marcelo não foi eleito para governar. Que para isso teria que ter sido eleito para a chefia do PSD, coisa que não foi nem quis. Omitir tudo isto é fácil.

Ora, interesses político-jornaleiros à parte, acontece que Marcelo dá mostras de não se estar a importar nada de participar neste jogo/brincadeira irresponsável e calculista. Mais: não é de excluir que tenha sido o próprio a começá-lo. Num pequeno vídeo passado no sábado no Eixo do Mal (em que se vê Marcelo a discursar na entrega de um prémio a Wim Wenders), Marcelo mostra-se claramente desagradado com a Geringonça pelo facto de a mesma obrigar a negociações constantes com partidos anti-europeus, cujas consequências não são, a seu ver, as melhores para o país. É um escolho, de facto. Mas daí até o Presidente pôr em prática um plano de ataque a Costa e de desestabilização política deveria ir um passo muito grande. E maduramente ponderado.

E no entanto, o que vemos é a presidência da República a alegar e a aproveitar as diferenças na exteriorização da “compaixão” pelas vítimas para reforçar a aura de «comandante do povo» de Marcelo e a ideia de incompetência do Governo. Muito mau. Mau de mesquinho. O que é que fez o Costa? Não chorou? Mas, mas, mas … o que é isto? O socorro está a chegar às populações como previsto! Os habitantes locais não atribuem ao Governo nenhuma das culpas que o Presidente deixa subentendidas. Nenhuma.

Convém, pois, lembrar ao actual Presidente que 1) é preciso muito mais do que beijinhos, abraços e selfies para resolver os problemas das pessoas atingidas por uma catástrofe – tarefa exigente e criteriosa que não incumbe ao Presidente; 2) nem toda a gente tem feitio para “santo” curandeiro, neste caso de “feridas psicológicas”, como Marcelo parece querer ser; 3) Marcelo não tem o direito de expor a sua personalidade (que crê impecável, mas que muitos vêem como calculista) por contraponto à de outros, que não andam aos beijos e eventualmente encaram as suas funções de forma diferente, colocando o objectivo de eficácia a outro nível.

Esta afirmação (referente à entrevista a António Costa, ontem, na TVI), se verdadeira, vinda de Marcelo, é inaceitável : “Primeiro-ministro falhou a reconstrução da sua imagem junto dos portugueses“.  O que queria o Presidente? Que Costa se ajoelhasse, lhe pedisse perdão, pedisse perdão aos portugueses e chorasse?

A que ponto de irracionalidade estamos a chegar?

Um presidente simpático poderia ter mais juízo. A sério que é a visão de Santana Lopes no poder que o move?? Se é, é ridículo.




domingo, 29 de outubro de 2017

A SEMANA “HORRIBILIS” DE MARCELO


Estátua de Sal

por estatuadesal
(In Blog O Jumento, 28/10/2017)
Marcelo e o Jumento
Esta foi a semana horribilis de Marcelo Rebelo de Sousa, um turn point do seu mandato presidencial, Marcelo não será mais o político unânime que pretendia ser. Pressionado pelo seu próprio erro de se deixar envolver na campanha pela liderança do PSD, ao lado de um candidato pouco credível e contra outro candidato com quem não tem boas relações, Marcelo precisa de distrair as atenções da direita atacando a esquerda.
Os incêndios foram a oportunidade, sabendo que o governo ia adotar medidas e substituir a ministra da Administração Interna, Marcelo deu o seu golpe de mágica, antecipou-se invocou poderes constitucionais que não tem e fez como fazia o Hugo Chavez, mandou demitir uma ministra e deu ordens ao governo no meio de uma conversa com os portugueses.
Invocando a Constituição e dizendo que a estava cumprindo e fazendo cumprir chamou a si a competência de definir programas governamentais e definir prioridades das decisões governamentais. Do dia para a noite o Presidente passou a ter poderes de exceção, pode decidir a demissão de ministros a meio de comunicações televisivas e definir parâmetros para os programas governamentais. O governo deve esquecer o seu programa, aprovado no parlamento, para a um ritmo quase semanal definir novas metas erráticas, deve ainda decidir medidas a longo praz em dossiers cujo ministro foi demitido em direto a partir de Oliveira do Hospital.
Marcelo fez uma abordagem da Constituição a partir daquilo que ele julga ser o poder que em vez de resultar do texto constitucional decorre da sua popularidade, medida por sondagens encomendadas por jornais. A exigência de demissão de um ministro, a exigência de medidas que consubstanciam um programa a longo prazo, ao estabelecer prioridades para a ação do governo sem respeitar o programa que o parlamento aprovou ou sem que as mesmas sejam debatidas no parlamento, são gestos que podem ser interpretados como violações grosseiras da Constituição.
É o parlamento que aprova o programa do governo, é o parlamento que pode adotar resoluções que constituem orientações programáticas para a sua ação. O presidente não tem tais poderes, tem um poder de fazer cumprir a Constituição, mas isso não significa dar ordens a um governo que responde perante o parlamento. Pode sim questionar a constitucionalidade das decisões do governo, mas a verdade é que as decisões e gestos do Presidente da República dependem da Constituição e da interpretação da Constituição. Quem em Portugal interpreta a Constituição não é o Presidente, mesmo que seja professor de direito, mas sim o Tribunal Constitucional.
Marcelo nunca mais vai ter a confiança que teve junto de muitos eleitores, percebeu-se que a sua gestão de afetos não passa de uma estratégia populista que só poderá levar à invenção de um Perón de Celorico. Perdeu a confiança da direita depois de tratar Passos da forma que se viu, perdeu a confiança de uma parte do seu partido ao ter uma relação gastronómica com Santana Lopes, perdeu a confiança da esquerda ao comportar-se de forma que pode ser considerada de grosseira nesta semana.





O Avô e o neto



Estátua de Sal

por estatuadesal

(Por Maria Teresa Botelho Moniz, in Facebook, 29/10/2017)

Avô e Neto

(E, voltando à aula com as crianças, Marcelo nunca deixa de falar no “neto favorito”, Francisco. O Presidente lembrou, mais uma vez, que foi Francisco que o aconselhou a candidatar-se, mas no fim disse-lhe: “O avô deve pensar em ser Presidente cinco anos. Cinco anos, nós aguentamos. E eu achei: ‘Este meu neto, tinha muita razão‘”. Marcelo tem sido contraditório quanto a uma recandidatura. Umas vezes sugere que fará só um mandato; outras dois. Esta sexta-feira, foi dia de sugerir que fica só cinco anos.

Ver notícia completa aqui)

Isto dos afectos  já chegou ao decreto dos "netinhos" de 12 anos, confissão pública nas televisões. Se calhar, o miúdo é mesmo inteligente, como diz o avô, e está farto de tristes figuras, ficando triste por isso. Eu ficaria, se tivesse doze anos, e tivesse de presenciar os ridículos do meu familiar. Assim, o puto, não quer chegar aos 18 anos - e entrar na faculdade com este peso -, e pede que o avô cumpra apenas um mandato para que não venha a ser triturado pelo ridículo.

Um país de ridículos, sem eira nem beira, assolado por corruptos que estiveram no poder por décadas e décadas, e que mesmo considerados como tal e tendo cumprido penas de prisão, voltam a ser eleitos, sendo que até eram do partido do Avô.
De corrupção nem acuso o ascendente da criança: não tinha, nem tem necessidade, mas não confio minimamente, na sua honestidade moral e ética política. E já o esperava, e estava apenas aguardando quando surgiria.

Eu adoro falar dos meus netos, todos gostamos de relatar os seus êxitos, alguns avós mais honestos, as suas dificuldades, e os avós, são pais duas vezes, como diz o povo na sua sabedoria, mas, em política, esse argumento e invocação, jamais deveria ser usado.

Salazar era criticado pelos seus próximos, inclusive por Marcelo Caetano, e até pelo meu pai de quem Marcelo Caetano era muito amigo, porque um político sem família e sem descendência, jamais saberia avaliar das necessidades, da amplitude e evolução do país.
O Salazar, tinha lá por casa as suas "pombinhas”, umas pobres meninas de tenra idade, desfavorecidas, com que a governanta Maria, lhe enchia São Bento, trazidas da sua terra, e com quem o ditador ocupava o serão, indo de quarto em quarto, lendo para elas (Dizia-se). Talvez para o ditador, isto e ser pai por empréstimo, lhe fosse suficiente como o contacto com a juventude, ainda por cima moldável e analfabeta lhe bastasse como família. Mas eu, que já não ando, há pelo menos 30 ou 40 anos, a acreditar nos glutões do detergente Presto, que lavava mais branco e retirava todas a nódoas, sempre e desde que comecei a ler sobre isso, passei a desconfiar do pombal que o Salazar tinha por lá.

O Sócrates, 50 anos depois, outro vaidoso - para não dizer mais -,  tinha pavões em São Bento, mas eram mesmo aves e ele não lhes lia histórias na capoeira. Só as lia aos contribuintes portugueses, enquanto embolsava as "comissões" dos negócios.

Com 43 anos disto, e com 30 e tal misturados com a corrupção de Cavaco e seus amigos, mais 48 anos do outro, não seria já altura de existir uma maior seriedade dos políticos, e do mais elevado representante da nação não falar da opinião dos netos de doze anos?

Se isto continua, uns com preferências esquisitas por pombinhas de 13 anos, outros com vaquinhas e cagarras e demais bichos a que chamam para as suas fantasias, o atrasado mental do PAN ainda chega a Presidente da República - e dentro de pouco tempo.

Já não tenho paciência para tanta demagogia que é mais parvoíce, e no dia em que os espanhóis nem se ficam, de nenhum lado, em contraste com este povo aqui. Nós, ao lado deles, sem chispa, obedientes, desinteressados e sem coisa nenhuma de relevante. E, por tal, fazem de nós gato-sapato: roubam-nos nos impostos e reformas, na conta da água, do gás e da electricidade, roubam-nos, também os operadores, MEO, VODAFONE, MEO e as outras, e não existe regulação eficaz para nos defender.
Até a DECO, em vez da Defesa ao Consumidor, promove marcas, com o prejuízo de quem não lhe dá balúrdios e tornou-se numa empresa que degenerou - em prol do negócio -, esquecendo a Defesa do Consumidor, que deveria ser a sua genética.





sábado, 28 de outubro de 2017

De Volta à ” VICHYSSOISE”?

Estátua de Sal

por estatuadesal
(Joaquim Vassalo Abreu, 27/10/2017)
Vichyssoisse
Que é uma sopa que se serve fria, assim como a vingança, segundo dizem…E o Dr. Marcelo é já recorrente no seu uso!
Não vou chamar agora à colação todos os textos que acerca dele durante estes últimos anos aqui escrevi, porque são datados, mas há algo que, relendo-os, por eles todos perpassa e que, para mim, resulta num traço ou marca indelével da sua complexa personalidade, que eu não posso subestimar, e que a ele fica colado e resistente a qualquer tentativa de extirpação.
Foi publicado no ESTÁTUA de SAL, que também muitas vezes partilha os meus textos, um excelente texto de um conhecido Blog, ” O Jumento”, que eu integralmente subscrevo, mas que se dirige ao Marcelo político vestido de presidente e das suas contradições. Não querendo, de modo algum, chover no molhado, vou dirigir este meu raciocínio levado a escrito para um outro patamar que, sendo diferente, acaba por se confundir. Mas não se confundam, por favor!
É que, pesem todos os seus esforços em demonstrar o contrário, é minha  convicção de que essa marca, às vezes escondida ou mitigada, insiste em recorrentemente vir ao de cima, pela sua visível nitidez e, mesmo perante a sua indisfarçavel bonomia, ela não deixa que a subestimemos e muito menos desprezemos. Desvalorizar esse pormenor (ou pormaior), dando-lhe o benefício da dúvida, é não cuidar de saber que, como diz o velho aforismo popular ” Cavalo velho não toma andadura e, se toma, pouco dura”.
Falo, é claro, em termos estritamente pessoais, mas a mim, que já o sigo há dezenas de anos, a imagem que do seu percurso ao fim de todos estes anos emerge é a de um personagem brutalmente inteligente que aponta para uma certa bipolaridade, pois demonstra tendências para dizer o sim e o seu contrário, passando num ápice do austero para o traquina, dando uma clara ideia de uma certa volatilidade nas suas ideias e acções. É essa a imagem que eu não consigo que em mim se desvaneça…
Pois, na verdade, não é impunemente que se passa uma vida nisso ( excluindo a sua faceta de Professor e onde, (verdade seja dita, ainda não ouvi algo que se lhe diga) macaqueando cenários, tramando conspirações, elaborando mirabolantes análises ou tecendo constantes baralhações, fez juz ao epíteto que lhe foi aposto no seu partido, o de ”enfant terrible”, por da sua constância duvidarem. E, talvez por isso, dele não restava algo de relevante a nível político, até agora.
Passou brevemente pela chefia do partido mas, era inevitável, foi traído pela traquinice, pela volatilidade e pela inconstância e o episódio da ” VICHYSSOISE” foi-lhe fatal.
A travessia do deserto fê-la como comentador, apreciando e a tudo e todos dando notas, mas sendo sempre dúplice na apreciação dos outros e daí o seu constante pregão: “De manhã esteve bem, à tarde esteve mal…”, que lhe assenta como uma luva! Mas essa mesma duplicidade criou a empatia e a afeição de todos aqueles que, sendo menos exigentes, perante a sua bonomia, não apreciando a dialética confrontacional, dele passaram a gostar. Pois da TV durante muitos anos nunca saiu…
Tal como há uns quatro nos escrevi: “O Dr. Marcelo desfaz-se em muitos e cai no goto do povão! Ele é como o ” Preço Certo”: Não tem ponta por onde se lhe pegue, mas o povão gosta…Que fazer?!”. Isso mesmo.
Mas este tipo de pessoas, as que usam a sua superior inteligência para insondáveis desideratos, acabam por se tornar reticentes por necessáriamente não fiáveis ou confiáveis. E diletantes. E, no seu diletantismo, o Dr. Marcelo acaba por se encaixar bem neste estereótipo! É assim como disse o Poeta: “Pode alguém ser quem não é?”. Pode alguém, a não ser que seja um grande actor, assim de repente, mudar de personalidade como quem muda de camisa, pretendendo ser o que o contrário do que toda uma vida foi? Para mim não!
Não mesmo e este episódio do aproveitamento de uma evidente momentãnea fragilidade do governo para, ultrapassando a ética da convivência dos poderes pois lhe foram dadas a conhecer antecipadamente as proposições governarivas, fazer sobressair, e mesmo regurgitar, aquilo que se lhe manifestava como um nó na garganta: a sua aversão a esta solução governativa!
É também claro para mim que, ao contrário do que por aí se diz e escreve, nomeadamente todos os comentadores de alcova que por aí pululam, não foi a mera exigência de medidas que denunciavam a sua lógica posição a favor da culpabilidade do governo, o que o fez verdadeiramente ” regurgitar”:  foi o aviso! Sim, o aviso que fez depois da derrota da Moção de Censura apresentado pela direita, aviso esse carregado de cinismo e que foi: ” O Governo , agora reforçado ( na sua legitimidade parlamentar, é claro) , tem que ser digno das suas responsabilidades”. O sentido é este embora as palavras possam ter sido diferentes..
Mas que quer isto dizer? Que, a partir de agora,  a responsabilidade de tudo o que vier a suceder vai ser da sua maioria, que não contem mais com ele e que, à mais pequena brecha ou dúvida do seu apoio parlamentar, ele aí estará para o dissolver, tanto mais que os seus vão ter em breve um novo líder. Terá sido por isso que o Huguinho declarou, alto e bom som, que o governo já não tinha o apoio do PR?
O outro não servia, era evidente, mas ele recuperou a esperança de ter um dos seus sob o seu “mando”. Os tempos mudaram e o sucedido, a utilização desses crimes florestais todos, que redundaram numa terrível tragédia, serviu, qual “VICHYSSOISE” , para a administração dos seus profundos e inconfessáveis desejos.
Ele diz pairar por aí como o garante  de tudo: do desempenho do governo que, apesar as suas brilhantes performances, não deixa de ser uma espinha atravessada na sua garganta; também da antecipação da culpa por qualquer calamidade, porque ele antecipadamente visou e pelas políticas de consensos, que ele exige, mesmo que os seus não queiram…
Ele, agora despido da capa da bonomia e do sorriso aberto, isso é só para as pessoas mais carentes ( e não digo que mal), é o dedo apontador, o dedo acusador, o culpabilizador. Ele avisou…o resto não é com ele. Para ele resta apenas o conforto, os beijos e as Selfies. Ele restará o refúgio dos velhos e dos desprotegidos e é só ele quem lhes dará abraços e lhes transmitirá palavras  de paciência e conformismo. Sim, porque ele ” exigiu” do governo medidas imediatas, custem o que custarem, mas cuidando ao mesmo tempo do défice. Para que ninguém o esqueça!
Pode mesmo ” alguém ser quem não é”?
PS: Está um pouco longo, eu sei, mas o personagem é complexo, compreendam…




Eu bem avisei, vai dizer Cavaco

 
É um velho hábito de Cavaco Silva, escreve ou fala e uns tempos depois lembra o que escreveu ou dizze, eu bem escrevi iu eu bem disse, costuma ele recordar. Portanto, o melhor é estyarmos preparados pois a propósito do modelo de presidencialismo de Marcelo o ex-Presidente vai voltar a declarar, "Lembram-se? Eu bem avisei em Castelo de Vide".
«Marcelo Rebelo de Sousa não escapou a este regresso de Cavaco à política. Sem nunca se referir diretamente ao atual Presidente da República, o antecessor recorreu a uma análise do estilo do Presidente Macron para deixar perceber sem tibiezas o que pensa de Marcelo.

Criticando abertamente "a verborreia frenética dos políticos" que "não dizem nada de relevante", Cavaco defendeu que "a palavra presidencial deve ser rara" e considerou que "não passa pela cabeça de ninguém que ele (Macron, o anti-Marcelo?) telefone a um jornalista para lhe passar uma informação".» [Expresso]

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

MARCELO E A CONSTITUIÇÃO



MARCELO E A CONSTITUIÇÃO

Estátua de Sal

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 26/10/2017)

Marcelo Tomada de Posse

Na sua conversa de Oliveira do Hospital, para fundamentar as exigências que fez ao governo através da comunicação social, para que o povo ficasse a saber quem manda, o Presidente da República apelou aos seus poderes constitucionais. Depois de uma parte do discurso elaborado para puxar pela lágrima de quem o ouvia e para ganhar mais likes junto do povo, Marcelo diz que foi eleito “para cumprir e fazer cumprir a constituição que quer garantir a segurança dos portugueses”; de seguida desenvolveu uma longa tese sugerindo que os portugueses ficaram fragilizados, tirando a conclusão de que estamos perante um problema de segurança, daí ter o poder de cumprir e fazer cumprir a Constituição para repor a sua segurança.

Perante um problema de segurança Marcelo usou dos seus poderes constitucionais passando a ditar as suas ordens ao governo, todos perceberam quais as ordens: um programa de combate aos incêndios decidido na hora, indemnizações rápidas e a demissão da ministra.

Marcelo usa de forma subliminar o seu estatuto de professor de direito para passar a ideia de que de Constituição é ele que sabe. Temos agora um presidente que interpreta livremente e circunstancialmente a Constituição, em função dos seus objetivos políticos e que usando os poderes que ele próprio entende que a Constituição lhe confere dá ordens ao governo em direto e através da televisão, como se o primeiro-ministro fosse um secretário pessoal, para não dizer uma criada de quarto.

Até aqui os únicos presidentes que vi darem ordens em direto aos governantes no meio de entrevistas ou discursos para a comunicação social foram Hugo Chavez e Maduro. Mas as consequências dos incêndios a tudo o autorizam, ainda que não explique por que motivo os mesmos incêndios não autorizam o governo a tratá-lo da mesma forma.

Amanhã há um acidente com problema num hospital, Marcelo invoca o seu poder de “cumprir e fazer cumprir a Constituição”, diz que lhe cabe garantir o acesso à saúde e que está quase a chorar por ver tantos velhinhos amorosos a morrer nas salas de espera das urgências e fica logo ali e por ele próprio autorizado a dar ordens ao governo. Que decida um plano de saúde a vinte anos até ao próximo sábado e de preferência depois de se demitir o ministro da Saúde e, quem sabe, sugerindo que se escolherem alguma pessoa da sua confiança será mais simpático no futuro. Se ocorrer um escândalo no ensino faz o mesmo em relação a este setor e o mesmo se pode dizer em relação a qualquer pasta governamental. Agora exige-se que se decida em dois dias para vinte anos e de preferência com um ministro demissionário ou demitido, mais irresponsabilidade é difícil.

Temos agora um presidencialismo à Hugo Chavez, demite-se o ministro e em três dias adotam-se medidas com um horizonte de décadas. Em vez das reuniões semanais dão-se as ordens em direto no meio de comunicações aos portugueses. É Marcelo que de forma errática e de acordo com as conveniências da gestão da sua imagem que define as prioridades do país e em questão de semanas deixa de ser a dívida para serem os incêndios ou outro qualquer tema.

O governo deixa de responder perante o parlamento, deixa de governar cumprindo um programa que foi legitimado nas urnas e aprovado no parlamento. O governo passa a ouvir as comunicações ao povo, as piadas na bica ou as conversas no meio das selfies para saber o que vaio para a agenda do Conselho de Ministros no dia seguinte. O governo deixa de pensar no longo prazo, decide na hora por encomenda de Cavaco e no dia seguinte até o deputado Amorim vem saudar as novas medidas. Mais ridículo é impossível, mas com Marcelo tudo tem muita graça.

Deixa de haver reflexão e mesmo debate parlamentar, é o presidente que em função da gestão dos seus likes e selfies que vai dando ordens diárias ao primeiro-ministro. Enfim, com este Presidente da República o político português com mais vocação para primeiro-ministro é Pedro Santana Lopes, até parece que foi feito à medida deste Presidente. Com este Presidente em vez de primeiro-ministro temos um mordomo e podem ser dispensados o Parlamento e o Tribunal Constitucional, porque é ele que sabe de Constituição e de quem o povo quer beijinhos, muitos beijinhos.





Marcelo é… Marcelo!



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por António de Almeida

Muito boa gente que há bem pouco tempo desconfiava de Marcelo, acusando-o de levar o governo ao colo, tece agora loas ao valente puxão de orelhas que o Presidente da República deu a propósito da última tragédia, exigindo ao Primeiro-Ministro que tirasse consequências políticas. Alguns apoiantes da geringonça, principalmente os socialistas, ficaram com um pé atrás, uma vez que o PSD atravessa uma fase de incerteza até às eleições internas. É verdade que Marcelo já foi próximo de Santana Lopes, aliás integraram mesmo com José Miguel Júdice, Durão Barroso ou Nuno Morais de Sarmento, a chamada Nova Esperança, que ajudaria a eleger Cavaco Silva em 1985. À época defendiam o fim do bloco central, contra João Salgueiro. Como um eucalipto Cavaco acabaria por secar tudo e todos à sua volta, diz-se que Marcelo à última hora até teria hesitado nesse apoio, prevendo que a ascensão do professor de Boliqueime lhe prejudicasse as ambições, mas isso são teorias de conspiração. Ler mais deste artigo




sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Tentações

ladroes de bicicletas

Posted: 19 Oct 2017 07:13 AM PDT

Quando se aceleram os ritmos de trabalho na comunicação social, há coisas que ficam pelo caminho.
Uma delas é capacidade de resistir à tentação de ser ligeiro e rápido. E o risco que se corre é o de - na versão mais benigna - haver uma colagem ao sabor das ondas que passam pela comunicação social - e pelas estratégias político-partidárias - superficializando o jornal que se faz.
Títulos que se tornam autênticos editorais, opiniões que se duplicam e se complementam, na prática, numa estratégia de promoção partidária...

.. em que questões pertinentes que ficam arredadas do título - se houve concertação entre CDS e Marcelo Rebelo de Sousa ou a interpretação do CDS do discurso do PR em que o coloca como estando de acordo com a direita - são tapadas com discurso político que já se ouviu em toda a parte. 
O dilema das Direcções Editoriais muito orientadas é que, mais dia menos dia, se tornam excessivamente presentes e acabam por colar a sua própria imagem à do jornal, até ao ponto em que os seus donos acharem que seja demasiado, porque degrada o produto. O seu destino fica então marcado com o destino do que se passa na conjuntura externa ao jornal. Ou não, mas nessa altura, tornam-se em algo completamente diferente do que aquilo para que foram criados.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

O PRESIDENCIALISMO DOS LIKES

Estátua de Sal


por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 19/10/2017)

like

As últimas quatro semanas foram úteis para compreender Marcelo Rebelo de Sousa, para entender melhor como ele exerce as funções presidenciais e para clarificar as relações com o governo. O Marcelo Presidente é o Marcelo de sempre, é o Marcelo das brincadeiras do Expresso, o Marcelo dos almoços que não se realizaram, o Marcelo da TVI ou o Marcelo inventor de fatos políticos.

Marcelo conquistou os portugueses com uma estratégia de Facebook, em menos de nada conseguiu um recorde de likes e de amigos, conseguiu likes na esquerda e na direita, na oposição e no governo, nos ricos e nos pobres. Com a estratégia dos beijinhos, lágrimas e selfies Marcelo tornou-se unânime, uma espécie de caudilho (*) das redes sociais. Agora que tem muitos likes e muitos amigos, Marcelo sente que tem mais poderes do que aqueles que a Constituição lhe confere, se é que pela interpretação que fez das regras constitucionais na sua última comunicação ao país não entende que os seus poderes são quase ilimitados.

Marcelo sente que tem mais poderes do que os constitucionais, sente que a sua notoriedade tipo Facebook lhe dá o poder de apoiar ou derrubar governos, de ajudar candidatas autárquicas que por coincidência se cruzam com ele, de escolher as lideranças partidárias. Os poderes presidenciais são neste momento muito maiores do que os que decorrem das regras constitucionais. Dantes podia dissolver o parlamento, agora pode manipular os sentimentos e a opinião dos eleitores com os seus discursos de afetos.

Há uns tempos Marcelo servia o pequeno-almoço, o almoço, o jantar e a ceia aos sem-abrigo, até almoçou com um casal que viveu na rua, comeu empadão de atum, acompanhado de Encosta do Alqueva reserva de 2014 com entradas de presunto e chouriço caseiro da guarda e pudim na sobremesa, tudo devidamente acompanhado pela RTP para que aumentassem os likes. Na época a prioridade do governo era o problema dos sem-abrigo.

Durante meses substituiu-se ao INE e ao ministro das Finanças dando as boas notícias, andava tão animado que chegou a achar que a economia iria ter um crescimento de 3% e ainda achou pouco. Pelo meio, vimos um Presidente fazer um julgamento sumário de um ministro das Finanças, chegando ao ponto de ler os SMS do ministro, poderes que nem o parlamento tem. A notoriedade confere poderes que ninguém se lembraria de escrever na Constituição.  Neste país europeu o Jornal de Negócios e outros titulavam que “Marcelo viu SMS de Centeno e não gostou do que leu” e toda a gente achou este desvio democrático tropical e vergonhoso como algo aceitável.

Esquecidos os sem-abrigo a prioridade passou a ser a dívida, agora as procissões de Marcelo são junto das vítimas dos incêndios e a prioridade no caso de haver folga orçamental passou a ser acorrer ás vítimas dos incêndios, daqui a um ou dois meses Marcelo decide ganhar mais uns likes e a prioridade da folga orçamental será outra. De dia para dia o Presidente usa o poder dos seus likes para presidencializar o regime. Enquanto o governo anda numa roda viva a correr atrás das prioridades que ele define quase semanalmente a comitiva presidencial organiza a agenda para ganhar mais likes para que o Presidente aumente o poder dos seus likes, que cada vez mais se sobrepõe e ignora os poderes constitucionais.

Se a economia vai crescer e Marcelo tem acesso antecipado aos dados anuncia a boa nova e ganha  os likes, como se o ministro das Finanças fosse o seu assessor da Casa Civil para a Economia. Se a S&P tira Portugal do lixo Marcelo ganha os likes. Se algo corre mal na economia Marcelo diz ao governo o que deve fazer e ganha os likes. Se há incêndios ou tragédias Marcelo vai dar abraços e beijinhos e ganha os likes. No Estado há um deve e um haver, o deve são os likes para a presidência pelo que corre bem e pela parte fácil do que corre mal. O Haver é para o governo que serve de saco de boxe quando algo corre mal.

Quantas vezes Marcelo fez voluntariado junto dos sem abrigo antes de ser presidente, quando até tinha uma agenda mais ligeira? Quantos comentários e propostas fez Marcelo nos seus comentários televisivos em matéria de incêndios? Quantas vezes Marcelo usou os seus comentários para fazer previsões económicas? Quantas vezes bebeu Encosta do Alqueva reserva de 2014 com pobres? Até parece que Marcelo enjoou a comida dos jantares de banqueiros para onde era convidado.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Marcelo, o regresso do filho pródigo

Estátua de Sal


por estatuadesal

(Por Dieter Dillinger, in Facebook, 17/10/2017)

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O PR Marcelo incendiou hoje o País no próximo verão ao politizar em excesso a atividade dos INCENDIÁRIOS.

Marcelo Rebelo de Sousa veio à televisão defender indiretamente os INCENDIÁRIOS assassinos e atacar o governo e em particular a ministra Constança Urbano de Sousa.

Mercelo não percebeu que o combate político em torno dos incêndios vai aumentar o número de incendiários no próximo ano e nem um milhão de bombeiros e guardas florestais conseguirão evitar que um conjunto de bidões de gasolina peguem fogo a qualquer zona de mato seco e arvoredo, seja ele qual for.

Marcelo lançou hoje milhares de incêndios que se vão verificar no próximo ano porque, salvo para os estúpidos, não há uma defesa absoluta contra os INCENDIÁRIOS. Todos os que estão contra o Governo vão atear FOGOS no próximo ano ou antes se atravessarmos um período de seca.

Costa não pode e não deve vergar-se a Marcelo, demitindo a ministra quando Portugal é feito de centenas de anos de arvoredo e possui um vasto corpo de uns 10 mil bombeiros que nunca poderão apagar 500 grandes fogos numa noite depois de terem combatido durante dois meses mais de um milhar de incêndios.

Marcelo convida o PCP e o BE a juntarem-se à direita para criar uma crise política com a queda do governo, julgando que em novas eleições os portugueses vão votar a favor dos INCENDIÁRIOS protegidos por Marcelo Rebelo de Sousa que nada falou sobre o papel da justiça.

Qualquer que seja o resultado de novas eleições, só um IDIOTA é pode pensar que sairá um governo mais apto a combater os fogos postos pelos INCENDIÁRIOS, que mais não seja por não se saber quem vai governar a seguir.

O Governo tem de se substituir às autarquias e aplicar coimas pesadíssimas sobre os proprietários que não respeitam a lei vigente dos 10 metros sem vegetação nas bermas das estradas e aplicar a medida a todas as estradas do Estado Central, o que poderá poupar algumas vidas, mas pela televisão vimos que os grandes fogos percorreram as altas montanhas cobertas de vegetação, as quais sõ não ardiam se não existissem árvores ou matos secos.

Marcelo, as culpas e as desculpas

Estátua de Sal


por estatuadesal

(Por José Gabriel, in Facebook, 17/10/2017)

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(Marcelo falou ao país. O que pode e deve o Presidente dizer e fazer, foi esse o mote.)


Marcelo manda pedir desculpa - mas desculpa pedida por ordem de outrem nada vale.

Marcelo quer que a Assembleia da República avalie a continuidade do governo - mas a direita não precisa de empurrões e a seráfica Cristas, ex-ministra da treta, já se chegou à frente; está no seu direito, levará o PSD atrás e não precisavam de ajuda de Marcelo.

Marcelo quer clarificação - mas tudo hoje, a nível político e com a sua ajuda, parece uma tanto escuro.

Marcelo continua a falar em "novo ciclo" - já o fazia antes dos fogos e pensa que há novas razões e nova oportunidade.

Marcelo podia dissolver a AR, já que a renovação de mandato para o governo que ele pede à AR está nas suas mãos e não em encomendas a terceiros - mas Marcelo sabe o que isso (lhe) pode custar e fenece-lhe a coragem.

Marcelo podia dirigir-se a todos a quem pode ser imputada responsabilidade - mas Marcelo escolheu como alvo exclusivo o governo.

Marcelo quis ser firme no tom - mas foi apenas sonso no modo

sábado, 27 de maio de 2017

O diabo só veio em maio



por estatuadesal
(In Blog O Jumento, 27/05/2017)


Passos Coelho tinha toda a razão, o diabo estava mesmo para vir. Mas veio atrasado, em vez de vir em Setembro de 2016, para anunciar um segundo resgate em consequência da execução orçamental de Agosto, veio em Maio. Mas em vez de se apresentar em São Bento, parece que o diabo preferiu como alojamento local a sede do PSD, na São Caetano à Lapa.
Passos estava convencido de que por esta ocasião já era primeiro-ministro e que poderia voltar a governar com o chicote dos credores, ameaçando tudo e todos e fazendo gato sapato do Tribunal Constitucional. Um segundo resgate ou a ameaça disso permitir-lhe ia impor o “ajustamento” ao setor privado, leia-se um corte brutal dos rendimentos e dos direitos do trabalho, governando sem regras e sem limites.
Mas o diabo trocou-lhe as voltas e a sua vida é agora um inferno, poderíamos dizer que de certa forma que o diabo lhe fez a vontade, se queria um inferno então que fique com ele. E o Passos que pensava que com meia dúzia de jantares de lombo assados com as mulheres social-democratas chegaria ao poder, arrasta-se agora penosamente sem saber quando é que se livrará da via sacra a que se condenou no dia em que em vez de se demitir da liderança do PSD optou pela pantominice do primeiro-ministro no exílio.
Passos teve aquilo a que se designa como azar dos Távoras, previu que os investidores fugiam e eles aparecem, garantiu que votava no PS se tudo desse certo e deu, previa um défice acima dos 3% e o país é elogiado pela Comissão que o livra do procedimento dos défices excessivos, previu uma subida incomportável dos juros e fala-se de uma melhoria no rating da dívida portuguesa.
Como se tudo isto fosse pouco sujeita-se a ouvir Marcelo, o tal a que designou por cata-vento, atribuir-lhe o mérito pela saída do procedimento dos défices excessivos. Depois de tanta humilhação Marcelo dá-lhe um presente envenenado, elogia-o por aquilo que não fez, pelos resultados que condenou, pelo sucesso de um governo que considerou ilegítimo.
Passos está comendo o pão que o diabo amassou, e, pior do que isso, o pão é-lhe levado à boca por Marcelo.
E ainda faltam não sei quantos meses para as autárquicas e mais dois anos para as legislativas, tanto tempo para que Passos se arraste, começou por se dispensar de fazer oposição e agora que a quer fazer não sabe como e com que argumentos. Queria que o diabo viesse e este fez-lhe a vontade.

Ovar, 27 de maio de 2017
Álvaro Teixeira

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

A culpa é do Marcelo

 

(In Blog O Jumento, 20/02/2017)
Afinal o diabo era....
Afinal o diabo era….
o Marcelo!!
o Marcelo!!
Afinal o diabo era... o Marcelo!!

Durante quase um ano Passos Coelho representou a sua pantomina do primeiro-ministro no exílio, limitou o grupo parlamentar a serviços mínimos e andou por aí fazendo encenações para o telejornal e jantares de lombo assado. Passos não precisava de se preocupar com as sondagens, o OE para 2016 era para ignorar e o de 2017 foi pelo mesmo caminho; ele sabia que o poder voltava a ser-lhe servido numa bandeja.
Afinal de contas, se o diabo vinha em Setembro, não havia motivo para se preocupar com o desempenho orçamental, o crescimento não haveria de ser grande coisa, mais tarde ou mais cedo o país voltaria a afogar-se nos juros.
Passos sabia muito bem que em 2015 tinha disfarçado a austeridade aldrabando as receitas fiscais, antecipou as receitas do IRS com as retenções abusivas na fonte e deixou os reembolsos do IVA para 2016. O buraco estava cavado, era uma questão de tempo para que Centeno caísse nele.
O diabo já tinha viagem marcada, setembro seria o mês  do próximo armagedão financeiro do país. Mas o diabo não veio, Portugal apresentou o défice mais baixo da democracia e o reequilíbrio não resultou em recessão, antes pelo contrário. As coisas correram mal demais, o défice foi muito menos do que o previsto, o crescimento superior às expectativas, o desemprego está em queda, o país é elogiado e, para já, 2017 está a correr bem. O mesmo Passos que dizia, com ar condescendente, que a legislatura era para ir até ao fim já deixou de o ser. Com o PSD descer nas sondagens e sem a ajuda do diabo é preciso fazer algo.
Passos percebeu que por este andar está perdido e com ele toda a direita; até os sectores mais moderado do PSD deixaram de ser tolerantes e responderam ao toque de reunir do presidente do partido. E tal como fazem os treinadores de futebol Passos Coelho, José Eduardo Martins e outros atacam o árbitro, esperam que Marcelo comece a mostrar amarelos e vermelhos ao governo.
O diabo não pareceu, os Reis Magos não trouxeram a prendinha que Passos esperava e há um único culpado para o falhanço da sua estratégia, Marcelo Rebelo de Sousa. Até Cavaco, que está convencido de que é um mestre em vitórias eleitorais, veio dar uma ajudinha; escreveu mais uma página miserável da sua obra política, e agendou a publicação para a época de balanço do ano de 2016. Estava tão convencido da desgraça que até escreveu que não conhecia nenhum governo do tipo geringonça que tivesse trazido progresso. Também ele achou que devia pressionar Marcelo. Enfim, coube a Cavaco o papel de cereja neste bolo.
Passos Coelho esperava e desejava o diabo, agora manda dizer que o diabo é o Marcelo, alguém tem que levar com as responsabilidades dos seus falhanços.


Ovar, 21 de Fevereiro de 2017
Álvaro Teixeira